TRANSE EM TRÓPICO
A coisa é. Eufórica, desejável, sagrada, selvagem, furiosa, louca, lúdica. A coisa é. Ser trópico, estar nos trópicos, antropofagia, estereótipos, jardinagem e canibalismo. Uma performance, uma balada, um ensaio. A coisa é o encontro. É sair de si. Mudança das condições anteriores, trânsito da forma. Transe entre afetos respiratórios. Os ritmos, os pulsos repetitivos que nos convidam de novo e de novo e de novo à transformação da alteridade. Um corpo entorpecido pelos padrões cíclicos. O êxtase. O êxtase como o ínfimo momento do revirar dos olhos. Como trânsito de ser um para ser outro. Forças despossessivas. A dança que escapa ao controle. Celebração. Festa. Lambidas e saliva. Do riso ao gozo. Ter faro. Cultivar um pouco a distração, sem perder a consciência das mazelas e das agruras políticas da terra de Pindorama. Alegria Alegria. Comida. Um copo de cachaça, urucum e banana. Ser bicho e ser gente. A coisa é. Crítica e clichê. Um ritual, um manifesto, um delírio festivo.
Concepção e direção: Núcleo Cinematográfico de Dança/ Criação e performance: Adriane De Luca, August Severin, Fabiane Carneiro, Ilana Elkis, Jaqueline Andrade, Katharina Câmara, Larissa Alexandre, Mayk Ricardo Santos, Mariana Sucupira, Mariana Taques, Maristela Estrela, Paulo Barcellos e Pedro Athié/ Produção: Thaís Rossi/ Assistente de produção: Tetembua Dandara e Mariana Dias/ Figurino: Fause Haten/ Cenografia: Renan Marcondes/ Iluminação: André Boll/ Trilha ao vivo: Rayra Costa e Ricardo Vincenzo/ Colaboração dramatúrgica: Maria Tendlau/ Preparação corporal kempo: Ciro Godoy/ Influências: Carolina Bianchi, Carolina Nóbrega e Cia LCT e Quarteto à Deriva/ Criadores que fizeram parte do processo: Adriele Gehring, Aline Fiamenghi, Bárbara Schil, Gabriel Crispim, Isis Marks, Júlia Lima, Lainx Dias, Laís Ribeiro, Maytê Amarante, Natália Nery, Rebecca Leão, Renata Dalmora e Val Castro/ Video: Daniel Carvalho e Osmar Zampieri/ Fotos: Andrea Fiamenghi, Daniel Carvalho e Preto Vidal/ Assessoria de imprensa: Luciana Cassas
Estreia: Teatro de Contêiner Mungunzá - São Paulo - 2021 Apoio: 28a. ed. Programa Municipal de Fomento à Dança
IN DARK TREES: EXIT
Vá para fora. Ouça o lado de fora. É preciso adentrar esse espaço denso e pouco luminoso, para desapressar o passo. Ficar um pouco mais com as imagens, demorar-se mais com elas e extrair dos gestos outros significados para além daqueles dados de imediato. De mãos dadas. Perder as fronteiras do espaço e do próprio corpo nessa penumbra. Uma oscilação vibratória entre corpos que ressoam em dissolução. Para seguir no escuro é preciso também alargar a escuta, como se atravessássemos uma floresta espessa. Os sons são como um guia possível para entrever um caminho entre os galhos. In Dark Trees. Tatear. Entender que a escuridão é apenas passagem. Um trânsito entre o desastre e o restauro.
Concepção, direção e performance: Mariana Sucupira e Maristela Estrela
Sound artist: Marcus Beuter
Estreia: Casarão 175/ Cia da Hebe
Espírito Santo do Pinhal - SP - 2017
BLOW UP [vol.2] Lado A
[Você não pode construir uma árvore de volta a partir de fumaça e cinzas]
É uma tentativa de adentrar o silêncio e habitá-lo, mas eis que ele torna-se ruidoso demais, quase insuportável...Decomposição progressiva de uma explosão. Transmutar, transfundir, transferir, transfigurar. Quanto mais se progride, mais diluído é o movimento e o tempo. Mas é preciso pensar o tempo não como um ato sucessivo de "vir-a-ser", mas como um "regressivo deixar-de-ser sem aniquilar-se. A energia se altera a cada transformação e não pode ser criada nem eliminada. No entanto, após um tempo não haverá energia útil suficiente para continuar a deformação. O tempo não é contínuo, homogêneo e isolado da matéria, mas entrópico, tendendo à sua própria degradação. "O tempo vai morrer com o tempo. Não haverá mais tempo".
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Criação e performance: Clara Gouvêa, Daniel Kairoz, Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira, Maristela Estrela e Martina Sarantopoulos/ Figurino: Fause Haten/ Luz: André Boll/ Trilha: Núcleo Cinematográfico de Dança e Felipe Ribeiro/ Cenografia: Núcleo Cinematográfico de Dança e Luciano Bussab/ Micro-residência: Maria Tendlau/ Provocação incendiária: Graziela Kunsch/ Preparação corporal: Alex Ratton e Eduardo Fukushima/ Produção: Jaqueline Vasconcellos - Conexão Zat/ Assistente de Produção: Thaís Rossi e Tetembua Dandara/ Fotos: Daniel Carvalho e Laura Wrona/ Vídeo: Osmar Zampieri
Estreia: Terreyro Coreógrafico - São Paulo - 2015
apoio: 16a. ed. Programa Municipal de Fomento à Dança.
BLOW UP [vol.2] Lado B
[Tudo é desastre]
Como preservar a capacidade de ser afetado? Começamos o Lado B com uma explosão de fragmentos de imagens, entulhos de danças, objetos e sonoridades. Uma "coreô-fumaça" se dissipa no que resta do que se anuncia...Continuamos com um "auto-sacrifício": seguindo o formato de uma luta de boxe, com contagem dos assaltos, o performer deverá destruir um objeto pessoal e ao mesmo tempo ser destruído por ele a medida que o esforço aumenta. Explosões são contidas dentro da pele. Deformações de corpos, objetos e dizeres. Tudo é desastre. Partículas coloridas de água explodem e emprestam aos corpos a possibilidade de se colocarem em tabuleiro de jogo. Despedaçadas, estilhaçadas, fragmentadas, o que sobra dessas explosões molhadas se emaranha nos pedaços de coreografia que ainda resistem no corpo. Ainda é possível explodir? A palavra como possibilidade de explodir o corpo. A narração também move, questiona, duvida, acolhe. Encorajar-se para estar à altura de seu próprio fracasso. Persistimos em uma massa de corpos em metamorfose constante que nos lembra da energia que consumimos para nos manter vivos, criando entropia e produzindo desordem. Mais uma vez o que resta é uma imagem que nos permite a estabilidade do olhar. Mas o que é dito imprime uma nova possibilidade nessa leitura. Partimos em desequilíbrio explodindo descoordenadamente. Essa grande inflamação agita violentamente nossos corpos, perturbando com entrechoques de energia e com agradável humor essa nossa carne. Finalmente tentamos fincar os corpos já exaustos sobre alguns pontos do espaço, resistindo em uma manifestação (do) "inútil". O que sobra da explosão é nada. No limite do aniquilamento encontra-se ainda a força de desejar a força, a vontade.
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Criação e performance: Bruno Kurru, Carolina Nóbrega, Clara Gouvêa, Fause Haten, Ilana Elkis, Juliana Gennari, Leonardo Crochik, Les Commediens Tropicales, Mariana Sucupira, Marília Coelho, Maristela Estrela e Martina Sarantopoulos/ Figurino: Fause Haten/ Luz: André Boll/ Trilha: Núcleo Cinematográfico de Dança e Felipe Ribeiro/ Cenografia: Núcleo Cinematográfico de Dança e Luciano Bussab/ Micro-residência: Maria Tendlau/ Provocação incendiária: Graziela Kunsch/ Preparação corporal: Alex Ratton e Eduardo Fukushima/ Produção: Jaqueline Vasconcellos - Conexão Zat
Assistente de Produção: Thaís Rossi e Tetembua Dandara/ Fotos: Daniel Carvalho e Laura Wrona/ Vídeo: Osmar Zampieri
Estreia: CineArt Palácio - São Paulo - 2015
apoio: 16a. ed. Programa Municipal de Fomento à Dança.
BLOW UP [vol.1]
É uma manifestação de urgência. Uma urgência do presente. Um presente que tem sede de devir. Portanto ele é uma força, não é uma fixação. Através dele nos colocamos em combate, em acontecimento a partir de um corpo que resta e de vestígios de alguns caminhos já trilhados. O corpo deseja insistir, intensificar, fabricar, colecionar, expandir, dilacerar, destruir, reconstruir. O corpo deseja se mover inadequado, fora do lugar. Esse corpo que nos resta é matéria bruta e incongruente que anseia explodir. Corpo em estado de potência e urgência de se fazer realidade. Porque o que o corpo pode fazer agora é repetir, repetir no detalhe, repetir no grande, na fragilidade e na força. Repetir no osso, na pele, nos neurônios. Acumular os movimentos, repetir de novo, repetir mais uma vez, repetir ininterruptamente. Acelerar o movimento, acelerar mais. Corpo pressionado, pressiona o outro. Tosco. Insiste. Porque o que o corpo pode fazer agora é repetir. Repetir até perder a forma, em forma de choque no corpo do outro, no chão, no ar. Repetir para pensar, ironizar, parodiar, fracassar. Porque o que o corpo pode fazer agora é repetir. Repetir para transformar até desintegrar, sumir. Para resistir.
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Criação e performance: Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira and Maristela Estrela/ Performer stand-by: Martina Sarantopoulos/ Figurino: Maristela Estrela/ Luz: André Boll/ Trilha: Felipe Ribeiro/ Cenografia: Núcleo Cinematográfico de Dança e Luciano Bussab/ Preparação corporal: Alex Ratton e Eduardo Fukushima/ Produção: Jaqueline Vasconcellos - Conexão Zat / Vitor Vieira/ Video: Osmar Zampieri and Daniel Lins
Estreia: Casa do Povo - São Paulo - 2014
Prêmio FUNARTE / Klauss Vianna
DESCABIDO
O que você faz quando se sente fora do lugar? Quando seu corpo parece não ter cabimento?
Duas mulheres usam uma estante como plataforma de escalada, tentando, nos nichos das prateleiras, enquadrar seus corpos como quadros de cinema. O movimento cria uma dimensão não gravitacional, dando a impressão de que o piso está na parede/estante, causando um efeito cinematográfico. Descabido é uma cena autônoma do trabalho "EXperimentações cinematográficas...", que é transformada e adaptada ao entorno onde é apresentada.
Concepção, criação e performance: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Performers stand-by: Ilana Elkis e Juliana Gennari/ Desenho da estante: Luciano Bussab/ Música: Ramiro Murillo/ Fotos: Juliana Gennari, Tika Tiritilli e Vitor Vieira/ Video: Osmar Zampieri
Estreia: Galeria Baró - São Paulo - 2011
apoio: 10a. ed. Programa Municipal de Fomento à Dança
2 ou 3 coisas que eu sei dele
É um solo de dança que se aproxima de um ensaio literário. Uma dança-ensaio. São dois ou três pensamentos do corpo sobre cinema, sobre Jean-Luc Godard, sobre a dança que se apresenta ou que poderia se apresentar. Três capítulos que se entrecruzam. Editados pelos quadros de luz que editam a coreografia. Pela trilha narrada em off. A dança é construída e se desmancha pela intervenção da palavra: escrita, falada, ouvida, vista. Fragmentos narrativos, intertextualidades, citações, inflexões poéticas e plágios. Uma organização polifônica, que sintetiza planos superpostos, situados entre o poético e o didático. Uma reflexão subjetiva baseada na tensão entre as linguagens que se apresentam.
Concepção, coreografia e performance: Mariana Sucupira/ Orientação coreográfica e dramatúrgica: Maristela Estrela/ Figurino: Maristela Estrela/ Criação de luz: André Boll/ Criação de cenografia: Mariana Sucupira e Silvia Noronha/ Criação de trilha sonora: Felipe Ribeiro/ Produção: Marina Duarte/ Fotos: Tika Tiritilli/ Video: Osmar Zampieri
Estreia: Galpão Arthur Neto - Mogi das Cruzes - 2012
apoio: PROAC - 2011
BE ABOUT TO
Constituída sob a forma de uma ocupação, a performance é realizada especialmente em casas antigas, por vezes desocupadas ou abandonadas. É um convite à experiência das relações sensíveis e sinestésicas entre o corpo nesses espaços e seus elementos orgânicos e arquitetônicos. Espaços esses em que o tempo parece estar em suspensão.
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Criação e performance: Carolina Nóbrega, Clara Gouvêa, Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Figurino: Maristela Estrela/ Trilha (remix): Mariana Sucupira/ Produção: Mariana Sucupira/ Fotos: Tika Tiritilli/ Vídeos: Mariana Sucupira e Juliana Gennari
Estreia: Casa SESC IPIRANGA - São Paulo - 2014
MASSA
BLOW UP
[VOL. 2]
SIDE A / SIDE B
"Se o corpo está sob a ação de um campo gravitacional, criado por um outro corpo esférico de massa (gravitacional) cujo centro está a uma distância do primeiro, a força gravitacional, que atua sobre o primeiro corpo, é determinada pela sua massa gravitacional e é dada pela lei de atração universal de Newton. Portanto, a massa gravitacional mede a resposta de um objeto à atração gravitacional. Podemos ver estas massas gravitacionais como fontes que geram força gravitacional, ou ainda como "cargas" gravitacionais que se atraiem uma à outra. A massa de inércia e a massa gravitacional de um corpo, podem, à priori, ser diferentes e variar com a substância de que ele é feito."
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Performance: Clara Gouvêa, Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira, Maristela Estrela, Martina Srantopoulos e outros artistas convidados/ Fotos e vídeos:
Daniel Lins.
Estreia: Avenida Paulista - São Paulo - 2014
Prêmio FUNARTE / Klauss Vianna
RESISTÊNCIA
Até quando um corpo resiste em uma única imagem?
Concepção e direção: Mariana Sucupira e Maristela Estrela/ Performance: Clara Gouvêa, Ilana Elkis, Juliana Gennari, Mariana Sucupira, Maristela Estrela, Martina Srantopoulos e outros artistas convidados/ Fotos e vídeos:
Daniel Lins e Vitor Vieira
Estreia: Avenida Paulista - São Paulo - 2014
Prêmio FUNARTE / Klauss Vianna