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Como ser artista no nosso convívio?


Bebêlétricomeibêbado- Transe Em Trópico- Isis Marks

Choques que começam como um pequeno incômodo e se transformam em intensidade aguda. Corpo que se torna cada vez mais elétrico. Elétrico. Elétrico. ELÉ TRI CO. Calor metálico. Me conectei muito rapidamente à um outro estado. Foi difícil sair do chão. Pequenos movimentos, torções, impulsos que não me levavam a subir. A subida foi fake, mas de pé tinha um pulso potente. Estudo das pernas tortas que quebram e se recompõem. Minha cabeça não conseguia parar. Não imaginava ganhar tanta energia. A ideia de tirar o veneno me alimentava de vontade e de movimento. Não estive visualmente muito atenta, mas sentia perceber o entorno de outras formas. Conexões elétricas. Repetição. Caminhos cortados. Interrupções do fluxo. Choque. Exaustão. Fluxo. Como ir além? Como ser surpreendido pela própria confiança que se tem no corpo?

Balanço. Queria ficar ali, no cantinho, quieta, na minha. Estar em contato com a parede e a pilastra foi bom. Duas texturas diferentes. Uma fria e uma quente. Aterrar. Fio terra. Eu podia balançar por horas, sensação de prazer junto com uma leve tontura e enjôo. O espaço mareado. A Drica tocou no meu ombro e balançamos juntas por um tempo como um corpo só. Estávamos todxs mareados. Aos poucos fui abrindo mais meu campo de visão e minha percepção do espaço. Achei bonito aquele balanço coletivo, me remeteu à maternidade, ao sexo, à criança e ao mar. Movimento fundamental ou movimentos fundamentais. Deu vontade de voltar a ser criança quando estava com o Paulo na parede. Pequenos deboches, estado infantil.

No jardim foi difícil trazer a minha onça. Ela estava tímida. Precisava voltar um pouco e fiquei mais na normalidade. Cigarro, maçã e uva. Algumas conversas e uma sensação de cansaço e satisfação em estar entre tanta gente massa.

Mas cadê a minha onça? Como criar um trânsito fluído, inseparável entre os estados extra cotidianos e os cotidianos? Como ser artista no nosso convívio? Como manter e desconstruir sem ser explosiva, sem ser mortal? Como desconstruir na sutileza de pequenas ações? Como se

permitir ser outrx, libertar as caixinhas do que ser e aonde ser? Como se fazer perceber na sutileza? É possível fazer isso aonde quer que eu esteja? Investigação da onça no cotidiano - em curso.

Bando do riso. Beirei a gargalhada e o choro algumas vezes. Meu maxilar cansava, a musculatura da face cansava. A sensação de ridículo às vezes me tomava. Tinha gente entregue

ao riso de verdade, ou pelo menos parecia. Queria poder ser assim. O cansaço físico e essa sensação tornaram difícil sustentar o riso o tempo todo, mas do meio pro fim, fui me embriagando e foi ficando mais fácil. Parecia mesmo que tinha bebido ou tomado algo. O coletivo me abduziu com aquele corpo pesado que balançava sem parar e ria das coisas mais bobas. O colírio era uma piada tão idiota que me fez rir de verdade. De onde surgiu aquilo?! Estávamos mesmo drogados? Acreditei que sim, peguei o colírio e joguei longe, já tínhamos exagerado na dose.



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