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se o coletivo e o individual estão tão próximos, o sample original é nosso ou também dos outros?


Sample.


Separar um pedaço original de mim para dar origem a outras partes originais (em mim ou no outro).


Pesquisar um sample no meu corpo foi procurar por aquilo que estava escondido por trás das as leis físicas, intelectuais e emocionais que já tinham se instaurado no meu corpo.


Lembro-me bem que no primeiro encontro que tivemos no grupo foquei minha atenção nos meus pés. Foram eles que me moveram naquela segunda feira. Os pés trouxeram para meu corpo uma grande luta entre o equilibrar e o desequilibrar – deixar mover. A tentativa de unir esses dois verbos no corpo me trouxe memórias claras de inseguranças causadas pelas leis que me governam, ou que governam a todos nós.


Nesse encontro, ainda não consegui encontrar um sample, mas consegui encontrar um caminho no qual trabalhar: o questionar das leis. Isso cria uma desordem na estabilidade do dia a dia que, no meu caso, foi a desordem no encontro dos pés com o chão (e da cabeça com as leis). A partir disso, encontrei uma forma de pesquisar o sample. Pesquisei o que sobrava quando tudo se desordenava.


Então o sample seria aquilo que nunca se abala no corpo?


No relato da Olívia, ela diz que esse sample pode ser afetado de acordo com o ambiente, pessoas, espaço e a própria situação em que o corpo se encontra em um determinado momento. Isso traria, talvez, a possibilidade de criação espontânea a partir de um movimento ou situação de origem. Digo espontânea porque nosso corpo não está sempre pensando no espaço ao seu redor e muitas vezes nem pensando em si mesmo. Seria, então, uma criação pela situação em que se encontra a partir de uma base constante que é formada pelo próprio corpo, ou que o corpo forma com a sua experiência.


Sabe-se, porém, que quando se tem uma noção real de qual seria o sample, essa criação também pode ser feita a partir de uma reflexão ou pensamento racional. Assim, o sample é base para qualquer criação.


A questão é: como encontrar, qualificar e nomear ou expressar o sample em forma de dança?


Acredito que aí comecei a entender que o sample não pode ser resumido a algo meramente físico por conta de todas as leis que o trouxeram à tona e de toda a experiência que ele carrega. Mas também não posso dizer que o sample é apenas emocional ou intelectual, justamente porque ele foi encontrado em uma pesquisa de corpo, dos nossos corpos.


Essa base/origem/sample é justamente o encontro de todas essas coisas em uma só, é aquilo que comunica corporal e esteticamente uma questão pessoal – ou até coletiva, tendo em vista que todos somos guiados por leis comuns.


Por fim, sigo com a dúvida: se o coletivo e o individual estão tão próximos, o sample original é nosso ou também dos outros?


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