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Sample em deriva


[26.06.18] . Adriane De Luca


.aproximação ao sample

O formato da condução - roda, respiração, o corpo das partes para o todo, o grupo de todos para o meu corpo - teve impacto especial na reaproximação à pesquisa individual. Na experimentação, o sample chegou quase irreconhecível, sem avisar: aquoso, leve, contínuo. Uma qualidade outra, nova-velha conhecida do contato improvisação. Despreocupada, destemida, sabendo de si, bem-vinda. O sample estava tão diferente que tive a certeza que era ele. Um devir sample.


.experiência lado A / lado B

Resgate no corpo de algumas palavras já escritas sobre essa mesma experiência. Licença para repetir:

"O lado do cliché (gastar) é mais divertido, me autorizo a ser ridícula e do ridículo saem coisas incríveis, pois não estou julgando. A etimologia de 'ridículo' deve ter algo de 'raíz', ou não...mas devia. Porque se saio da frente (juiz) vem a essência (raíz). E insistir no ridículo é tão potente quanto não ridiculamente chegar em algo (...)"

O juízo, no querer de sua ausência, fez o sample endurecer outra vez.

O tapa de dorso na palma da mão, em busca de percussão, fez uma contusão.

Tapa na cara da leveza.


.experiência lados A/B no corpo-juízo da Poli

Lembro de dizer a ela que senti que havia como se fosse uma raiva em "ter" que ir para o lado do "gastar". Mas que a qualidade do que voltava para o lado das "certezas" era completamente diferente. Coisas novas muito potentes apareceram. Cabelo sendo puxado como se a mão fosse de outro corpo. Questionei a constante proximidade à parede. Nos dois lados.


.sample em deriva [Poli]

Saída em traçado linear pela calçada, encostada aos muros, experimentando limites e portões.

Invade sem querer uma garagem, volta a fechar o portão. Cuidado cão bravo, nem percebeu.

Se choca contra um carro e insiste, balança. Pensei que ia disparar o alarme.

O percurso começa a se descolar das paredes, se abrir na perpendicular.

Atravessa a rua e encontra os cabelos-galhos chorão. Amarra aos seus.

O sample derivou. Entrega à absoluta majestade da árvore.

Contemplação sentada, olhando para a cima. Folhas, ventos, cachos.

Volta a atravessar a rua, acessa o terreno da obra e descobre o som do chão de britas.

Descobre um mundo no fundo do terreno. Piscina de pedrinhas, palco escondido.

Holofote aponta o dedo na cara quando eu piso em seguida.

Vigia interage, oferece a luz por segurança.

Acabou o esconderijo.

Fim dos 15 minutos.


.sample em deriva [perguntas]


1. o que provoca o desvio?

Todo desvio de contexto [pretexto] provoca desvio no sample.

Porta como pretexto para início/travessia.

Armário contador na altura certa, pretexto para sentar.

Vaga pintada no chão, pretexto para mapear um limite.

Poste fincado na esquina, pretexto para qualidade de arrancar.

Buraco no asfalto, pretexto para cavar o desastre.

Lembrança da praça, pretexto para reencontrar a pedra.

Tempo e distância, pretextos para correr.

Árvore, pretexto para lembrar da qualidade fluida.

Não encontrar a pedra, pretexto para engoli-la.


2. o que provoca a permanência?

O mesmo que provoca o desvio.


3. o que possibilita trânsito entre corpo cotidiano / sample?

Pedir ao juíz que se cale.


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