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O coxinha tem lugar num espaço como esse?

Registro NCD

16 ½ Mulheres

28.10.2019


Nessa segunda meus pés vestidos de onça chegaram cansados do dia. Mas assistir um recorte audiovisual da nossa trajetória foi delicioso. Me surpreendi com a potência dos nossos corpos. Sobretudo com a dos outros corpos, que muitas vezes por estar imersa em mim durante os exercícios eu não vejo em tanto detalhe. Entrega, loucuras, tiques, bobagens, a maneira como cada um se move. É tão interessante de ver. Observar. A palavra, como frisou a Fabi, é importante. O ato é importante. E estar. Houve ruído e acho que faz parte. Parte da experiência coletiva entre seres que não se conhecem tanto mas que se entregam intimamente diante dos comandos. Nossos corpos se dão melhor do que nossas palavras na maioria das vezes. Mas chegamos a um consenso de jogo. E foi gostoso. Propor algo de teatral e ver as pessoas se jogando no jogo. Acho que o que mais me saltou aos olhos foi o limite entre a performance a quebra, quando eu ficava na dúvida. A pessoa está dentro do jogo ou fora? Isso acontecia, em geral, quando algo me surpreendia. Um flerte que me tirou do lugar. Um comentário sobre a ausência. Era jogo? Era real? Acho esse estado interessante. Tive dificuldade de adentrar algumas camadas corporais do jogo e embarcar em viagens na pele do coxinha e isso me trouxe um questionamento. O coxinha tem lugar num espaço como esse? Como habitar? É possível? É desejado? É desejável esse diálogo? Seria interessante pesquisar corpos menos naturalmente tendentes a ocupar espaços como os nossos? Queremos trazê-los para a festa? Na escrotidão ele é onça também. Na maneira como come. No desejo que ele tenta esconder. É bicho apesar da camisa polo.


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