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Casa 382


Havia um tempo expandido, um tempo parado. Havia um abandono, lugar com coisas nos cantos. Havia algo de desconhecido, talvez por ser noite, algo de misterioso. Havia também uma tensão no ar. Nós que já conhecíamos o lugar, mostramos o espaço, devido a buracos, espaços que estavam para cair, pisos não muito confiáveis para pisar. Nós guiávamos com lanternas e luzes a bateria. Havia novamente um conforto ao ver o espaço ocupado com tantas pessoas conhecidas, mas a tensão continuava. Resolvi por reconhecer o espaço através de fios, desenhando o espaço e explorando cada detalhe, curva que não havia percebido antes. Com a noite, o espaço se mostrava de maneira diferente. Atravessei os espaços através dos fios e só assim pude reconhecer o corredor como um lugar novamente habitável - lugar antes centro das relações e atividades na comunidade das casinhas. A minha vontade era de ficar parada, encostada nas paredes. Eu me sentia em outro tempo, havia uma suspensão no ar, uma temporalidade outra.

Ao entrar na casa me via em partes estilhaçadas pelos espelhos, que me figuravam como partes das inumeráveis facetas da minha personalidade. Olhava-me e não me reconhecia e isto era bom. Não me via como um todo uniforme, limpo, claro, unificado e íntegro. Via-me em partes conflitantes querendo se disparar para lu