.... ..... .... ... ..... ... .... .....
Ontem andei pensando, dias de chuva me fazem pensar, e me trazem um conforto, uma suavidade. Em se tratando de tempestades é diferente, a sensação é de quebra, conflito; como um trincar de vidro; algo inesperado, as vezes incômodo. Não só pela impressão de ter que consertar algo, mas as vezes o aborrecimento pelo som agudo, o estalo do trincar; ou ainda um estado de surpresa ou susto. Mas mesmo na tempestade há um conforto, algo que traz um alívio e uma percepção de integridade, unidade.
Talvez seja esta a síntese do semestre passado. Uma sensação de quebra, choque, ruptura; um estilhaçar por dentro; surpresas, sobressaltos. Mas havia algo de coeso, um núcleo; um núcleo multifocal, que disparava para todas as direções. A ruptura surgia do encontro com outros universos de corpo e de pensamento no mover, e destes encontros despontava infinitas possibilidades de desenho e espacialidades.
... núcleo que trinca e espalha ...
... em si um abismo se movendo... em trânsito ... passagem ...
Questões: ?? Como explodir e se manter coeso? /Como fluir sem estancar?/ como transformar, deixar mudar e expandir sem perder a essência do sentido do que se criou?? "O vento levantou-se... Primeiro era como a voz de um vácuo... um soprar no espaço para dentro de um buraco, uma falta no silêncio do ar. Depois ergueu-se um soluço, um soluço do fundo do mundo, o sentir que tremiam vidraças e que era realmente ventos. Depois soou mais alto, urro surdo, um chorar sem ser ante o aumentar noturno, um ranger de coisas, um cair de bocados, um átomo de fim do mundo. Depois, parecia que..." [Fernando Pessoa, Livro do Desassossego]
Encontrei uma música que sintetiza esta sensação e queria compartilhar - Core Chant de Meredith Monk.